4 de maio de 2016

LEGAL MAS IMORAL, CARA-DE-PAU!

A MORALIDADE é uma das pedras fundamentais em nossa República Democrática Constitucional. Prevista no artigo 37 da Carta Magna, este princípio de conduta social fica atrás apenas da Legalidade e da Impessoalidade, entremeando-se com outros dois para formarem os 5 pilares de nosso Estado Laico: a Publicidade (hoje Transparência, muito mais amplo) e a Eficiência (leia-se eficácia com economicidade).

Mas tamanha é a crise moral-institucional-representativa por que passamos, que nem se fala mais nisso! O futuro-possível-quem-sabe-presidente já cogita nomear dentre seus ministros pelo menos 3 investigados! O repórter pergunta "mas vossa excelência [sim, um exemplo de excelência!] não acha que deveria ouvir a voz das ruas e aproveitar para limpar o governo, caso assuma?" e com o habitual rosto-de-madeira, ouve-se, com palavras oblíquas e dissimuladas, como os olhos de Capitu: "mas coitadinhos, eles são inocentes até que se prove o contrário. E são tão bons no que fazem..."

Foto: http://retrotv.uol.com.br/desenhos/pinoquio

Está certo, a um cidadão comum não pode ser imputado nenhum crime ou aplicada qualquer sanção antes de sua devida e ampla defesa e julgamento legal.

Mas em se tratando de uma PESSOA PÚBLICA, que ocupa cargo público, pago com dinheiro público, seja ele eleito diretamente pelo povo ou por este nomeado, não seria razoável pensar que, embora LEGAL, porquanto presumidamente inocente, a nomeação de um ministro já em investigação não é MORAL?

Mais do que isso, é pela MORALIDADE que deve se pautar o representante eleito em toda e qualquer ação que faça no exercício de seu mandato! O cargo de um ministro requer REPUTAÇÃO ILIBADA, Sr. Vice, sabe o que é isso?

Isso não é óbvio?!? Está na hora de cobrarmos moralidade desses caras! Em ano de eleição é nossa grande - e única - chance! Pesquise a reputação do seu candidato, é fácil, google o nome dele e se achar processoS, assim, no plural, não tenha dúvidas! Se for um só vale ponderar, mas no plural não!

Moralidade dá pra entender também como vergonha na cara! Mas parece que só temos a Temer pelo nosso futuro próximo (trocadilho óbvio), parece que a cara ou tem vergonha ou é de pau.
Então só nos resta confiar na toga: taca-lhe pau, Zavascki e Moro!

27 de outubro de 2014

"HÁ OS QUE SE SENTAM E CHORAM. E HÁ OS QUE SE LEVANTAM E FAZEM" (DeROSE)


A eleição acabou, e sem falsas ilusões, vamos aprender com tudo isso e nos preparar para as eleições municipais, tão ou mais importantes do que essa. Afinal, é no município onde as coisas acontecem, é onde moramos, nos deslocamos, vamos no médico, trabalhamos, estudamos, tentamos prosperar e ser felizes. 

Por exemplo, o Bolsa Família é dinheiro federal que cai direto na conta do beneficiário, mas você sabe que é o prefeito quem cuida do cadastro de quem deve ou não receber? Quem deve fiscalizar se as pessoas têm direito, se estão trabalhando, se qualificando, deixando as crianças na escola e vacinando-as, é o prefeito. Você discorda do Bolsa Família? Então que tal ajudar a fiscalizar? Google it! Ou você acha que não é consigo? É assim também com a merenda das crianças, a saúde pública, o transporte... 

Do total de eleitores, 26% não votaram, anularam ou votaram em branco, 38% votaram na continuidade e 36% na mudança. Isso significa, mais ou menos que para 1/4 da população não importa quem governe, pouco mais de 1/3 não gosta de quem vai governar e pouco mais de outro 1/3 apoia o atual/futuro governo.

Coincidentemente, os Estados que recebem mais recursos do que pagam ao Governo Federal votaram na continuidade; os que pagam mais do que recebem prefeririam a mudança. Clara discordância com a política de distribuição de renda.

Mas como diz minha amada Lucila Silva, “é o que temos para hoje”. Então este é o momento de a sociedade acordar, parar de reclamar e começar a exigir resultados. Quero ver se quem defendeu o PT vai cobrar a implementação das propostas externadas na campanha.

Mas quero ver mesmo se quem é radicalmente contra vai se comportar como "bem feito, votaram nela, agora não quero saber". Oposição não é só reclamar, é exigir, acompanhar, monitorar de perto. Senão fica fácil não fazer nada pra depois dizer "eu avisei" com a passiva cara-de-pau do procrastinador.

Sabemos o que tem de ser feito, agora chega de corpo mole. Informe-se. E o grupo do “tanto faz”? Esses seguem sendo levados pela correnteza, mas reclamando, claro.

9 de outubro de 2014

Fiscalize seus funcionários: Deputados e Senadores.

A eleição acabou e tivemos uma razoável renovação: em SC, 16 dos 40 Deputados Estaduais são novos. Na Câmara Federal, 5 dos 16 catarinenses são novos, e temos ainda 1 novo Senador. 

Votar é como assinar uma procuração total, uma carta branca para que alguém fale por você. Você daria uma procuração a alguém e depois esqueceria e não acompanharia o resultado?

Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/299511/

Então é hora de aproveitar a memória fresca e escolher quais políticos - eleitos ou não por você - precisam ser acompanhados e fiscalizados. É fácil, basta 1h a menos por semana passeando no Facebook para exercitar o Controle Social. Eu já escolhi os meus! Seguem algumas sugestões simples:

- Pesquise no Google, nos sites das Assembleias, Câmara, Senado o que eles fazem no dia-a-dia;
- Registre-se no site do político para receber notícias do que ele faz;
- Controle a presença nos debates e votações - afinal, quem é o chefe?
- Acompanhe os projetos apresentados, mande e-mails, sugira, questione, dê bronca!
- Envie sua posição antes de algum debate ou votação polêmica, e depois cobre a posição nas votações;
- Acompanhe os gastos com combustíveis, assessores, aluguel de carros e outros brinquedinhos a que eles têm acesso por serem nossos "representantes";
- Se achar qualquer coisa estranha, denuncie nos sites do TCU, MPF, PF. Não sabe o que é isso? Google it!

Lembre-se: se você esquecer do seu político, ele também esquecerá de você.
E depois não adianta reclamar...



INFORMAÇÃO É PODER!

Confira a lista dos 16 Deputados Federais eleitos por SC. Aqui a renovação foi só de 5, os outros 11 se reelegeram:
•    Esperidião Amin (PP) - 229.668 votos (6,80%)
•    João Rodrigues (PSD) - 221.409 votos (6,56%)
•    Mauro Mariani (PMDB) - 195.942 votos (5,8%)
•    Jorginho Mello (PR) - 140.839 votos (4,17%)
•    Peninha (PMDB) - 137.784 votos (4,08%)
•    Pedro Uczai (PT) - 135.439 votos (4,01%)
•    Marco Tebaldi (PSDB) - 135.042 votos (4%)
•    João Paulo Kleinubing (PSD) - 132.349 votos (3,92%)
•    Jorge Boeira (PP) - 123.770 votos (3,67%)
•    Valdir Colatto (PMDB) - 115.431 votos (3,42%)
•    Décio Lima (PT) - 112.366 votos (3,33%)
•    Cesar Souza (PSD) - 110.777 votos (3,28%)
•    Celso Maldaner (PMDB) - 110.436 votos (3,27%)
•    Ronaldo Benedet (PMDB) - 105.303 votos (3,12%)
•    Carmen Zanotto (PPS) - 78.607 votos (2,33%)
•    Geovânia de Sá (PSDB) - 52.753 votos (1,56%)

Confira a lista dos 40 Deputados Estaduais eleitos, dos quais 16 são novatos:
•    Gelson Merisio (PSD) - 119.280 votos
•    José Nei Ascari (PSD) - 72.790 votos
•    Ismael dos Santos (PSD) - 66.818 votos
•    Milton Hobus (PSD) - (66.271 votos)
•    Valdir Cobalchini (PMDB): 62.865 votos
•    Aldo Schneider (PMDB) - 58.646 votos
•    Gean Loureiro (PMDB) - 58.239 votos
•    Jean Kuhlmann (PSD) - 56.468 votos
•    De Nadal (PMDB) - 54.110 votos
•    Darci de Matos (PSD) - 53.321 votos
•    Serafim Venzon (PSDB) - 50.232 votos
•    Zé Milton (PP) - 49.489 votos
•    Chiodini (PMDB) - 49.233 votos
•    Marcos Vieira (PSDB) - 48.287 votos
•    Ada de Luca - (PMDB) - 47.813 votos
•    Luciane Carminatti (PT) -  45.248 votos
•    Parisotto (DEM) - 44.365 votos
•    Kennedy Nunes (PSD) - 44.019 votos
•    Leonel Pavan (PSDB) - 43.470 votos
•    Titon (PMDB) - 42.264 votos
•    Dr. Vicente (PSDB) - 41.089 votos
•    Sílvio Dreveck (pp) - 40.518 votos
•    Antonio Aguiar (PMDB) - 39.714 votos
•    Moacir Sopelsa (PMDB) - 39.041 votos
•    Neodi Saretta (PT) - 37.977 votos
•    Ana Paula (PT) - 36.893 votos
•    Mauricio Eskudlark (PSD) - 36.280 votos
•    Gabriel Ribeiro (PSD) - 36.187 votos
•    Dirce Heiderscheidt (PMDB) - 35.997 votos
•    João Amin (PP) - 34.666 votos
•    Padre Pedro (PT) - 33.732 votos
•    Dirceu Dresch (PT) - 33.220 votos
•    Valmir Comin (PP) - 32.730 votos
•    Ricardo Guidi (PPS) - 31.704 votos
•    Mário Marcondes (PR) - 27.627 votos
•    Rodrigo Minotto (PDT) - 26.929 votos
•    Natalino Lazare (PR) - 20.932 votos
•    Patrício Destro (PSB) -  19.392 votos
•    Valduga (PC do B) - 18.244 votos
•    Salvaro (PSB) - 14.986 votos

Fonte: http://kuinzytao.wordpress.com/2013/06/25/uma-procuracao-em-branco-que-custa-as-nossas-esperancas/

20 de setembro de 2014

NÃO PERGUNTE, DESCUBRA.

AXIOMA DO SUCESSO
Ao longo do dia, você costuma perguntar muitas coisas aos outros? Colegas de trabalho, amigos, esposa, marido...
Não tem certeza? Pense em termos como Quem, Por que, Quando, Onde, Qual, Como. – normalmente seguidos por uma questão e fechadas com uma interrogação. Você os usa com frequência?
Minha experiência de vida – vasta em responder aos outros por todos os meios possíveis – já me levou a algumas observações sobre esse fenômeno comportamental. Certa vez coloquei ao lado de minha mesa: "Pergunta: R$ 10. Depósito em conta." Trauma? Apenas constatações.
Perguntar ofende! Descobrir impressiona.
Perguntar ocupa o tempo dos outros para resolver seus problemas, enquanto descobrir ocupa o seu tempo. É mais educado e menos invasivo.
Perguntar interrompe o foco do outro, descobrir aumenta o seu foco.
Perguntando se obtém a resposta rápida, pesquisando alcança-se a resposta correta.
Perguntar acomoda e causa dependência, descobrir instiga e obriga a evoluir.
Perguntar é depender da opinião dos outros. Descobrir constrói seus próprios princípios.
Perguntar dá ao outro o poder de decidir por você. Descobrir eleva o poder das suas escolhas.
Perguntar traz sempre uma resposta parcial e interpretada. Pesquisar é conhecer o todo por sua própria ótica.
Perguntar retarda o espírito. Descobrir o liberta.
Perguntar é copiar. Descobrir é co-criar.
Perguntar fragiliza o caráter e as emoções. Descobrir fortalece a disciplina e a vontade.
Perguntar é esmagar a criatividade antes que ela surja. Descobrir amplia seu potencial.
Perguntando se pode deixar enganar. Descobrindo, você escolhe.
Perguntar é dar ao outro o poder de decidir por você. Descobrir traz o poder para si.
Perguntar é crer no outro, procurar é o saber direto da fonte.
Perguntar é limitar-se. Descobrir é infinito!
Perguntar é crer. Descobrir é saber.
Este post pode durar para sempre...
Por quê? Boa descoberta.


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Imagens:
http://www.clker.com/clipart-3593.html
http://www.metaphonica.com/2012/07/mind-insight/


28 de julho de 2014

O limite de interesse da visão

É claro que a elite branca (na qual obviamente me incluo), politicamente culta mas socialmente ignorante, não está satisfeita com o governo nem com as cotas, que tiram dos filhos ricos a moleza da universidade gratuita depois do colégio particular e do cursinho. 

Mas se conseguíssemos olhar um pouco mais além dos nossos umbigos, da alta carga tributária sobre nossas empresas particulares (de todos os tamanhos) ou sobre nossos salários de classe média, veríamos que, bem lá longe, afastados do nosso mundinho mágico de crédito, consumo e muita reclamação, estão aqueles para quem receber 70 míseros reais a mais por mês faz toda a diferença.

Você também acha que programas públicos de redistribuição de renda e universalização da educação são apenas objetos de manipulação política? E são mesmo! Manipulação de longo prazo, para empoderar o cidadão a participar e estudar mais, e quem sabe um dia assumir a responsabilidade sobre sua própria vida e seu próprio País.

O IDH do Brasil em 2013 subiu 36,4% em relação a 1980. Naquele ano, a expectativa de vida era de 62,7 anos, hoje é de quase 74 anos. Tínhamos 2,6 anos de escolaridade média, hoje temos 7,2 de média de estudo, Em 1997, apenas 2,2% de negros e mestiços (18 a 24 anos) frequentavam universidades. Em 2012, eram 11%. "O Brasil é um dos países que mais evoluíram no desenvolvimento humano nos últimos 30 anos", disse o representante do Pnud no Brasil, Jorge Chediek. Ele destacou que as mudanças são estruturais e têm ocorrido em todos os governos."


Até porque o Bolsa Família não é desse governo. Então qual a diferença agora? Priorização dos Programas Sociais: para receber o BF tem de manter as crianças na escola e fazer cursos de qualificação. Mas ainda há quem diga que os beneficiários do BF ficam preguiçosos e não querem trabalhar (!), que se acostumam a depender do Estado. Queríamos o que, se dependem da bondade do rei há 500 anos!

Hipocrisia! Se lhe oferecessem seu salário integral podendo ficar em casa, você mesmo assim iria trabalhar? Por quanto tempo? E se além disso morasse no quinto dos infernos, tivesse de pegar 2 ônibus, um metrô absurdo e levar 2h para ir e outras 2h para voltar do trabalho? Pobres coitados quase moribundos transitam aos milhares pelas metrópoles tentando ganhar algum trocado, enquanto nós gastamos 70 reais em um almoço e ainda reclamamos que outros recebem essa merreca por mês "mesmo sem fazer nada". Malandros somos nozes...

Há muito de podre em nosso reinado atual, mas admitamos (se conseguirmos ver tão longe) que a periferia nunca esteve tão feliz.
Estão iludidos? Claro! Tanto quanto quem não os consegue ver, preocupados com as contas da TV a cabo e a prestação do carro novo.

Se for mudar, que seja pra melhor, afinal, a única realidade que realmente existe é o agora... agora... agora... agora... agora...

14 de março de 2013

Mude o mundo: comece por você!


Ontem passei o dia ministrando curso de auditoria para controladores internos de dezoito municípios da serra catarinense. Ao final, cansado, recebi sinceros agradecimentos e elogios, que me deixaram muito bem, mas fizeram refletir: será que fico feliz por causa do massageamento de ego proporcionado pelos elogios?

Fiz um pouco disso inconscientemente por um bom par de anos, e sei que não é nada lúcido, tampouco saudável, pautar a existência pela necessidade de reafirmação da autoestima. É o extremo oposto da baixa autoestima, é o excesso, o transbordamento do ego, que causa uma overdose de reações químicas, deixando qualquer um a achar-se super-heroi, até os poderes se acabarem.

Não, o prazer não estava no egocentrismo do bom desempenho, mas na realização pessoal de quem conseguiu transmitir uma boa mensagem e de saber (ou melhor, não ter noção de) o quão vastas e profundas podem ser as mudanças sociais consequentes desse prazeroso dia de trabalho.

Impossível estimar o resultado que cada sementinha hoje plantada terá quando, num futuro cada vez mais próximo, todas florescerem em justiça social para os brasileiros. Uma dica aqui, um estudo de caso ali, outra pressão acolá, e dá para ver nos olhos brilhantes de 30 pessoas que se dispuseram a aprender, encarar o novo, chamar para si a responsabilidade de agir pela evolução coletiva.

Quanta sorte poder mudar o mundo a partir da minha ação! Como é bom saber direcionar o karma para coisas construtivas e positivas! Tenho de agradeçer do fundo do meu coração ao grande educador e escritor DeRose, que me ensinou a enxergar as infinitas possibilidades da existência, para muito além das amarras mentais. Desde 2000 tenho a oportunidade de lecionar e escrever sobre a filosofia de vida por ele proposta, a qual desde sempre operou em mim fortes mudanças.

Transmito informações preciosas, conteúdo técnico e prático sobre fortalecimento da gestão pública, transparência e acesso à informação, controle social e prevenção da corrupção. Não é tese, é a experiência adquirida em dezessete anos de controladoria, de muitos absurdos e impunidade geral.

Mas o faço com a leveza de quem quer ajudar, com a proatividade que faz acontecer, e principalmente com o otimismo de quem não espera e realiza. O "conteúdo" aprendi na controladoria, mas foi com DeRose que pude compreender a "forma" de transmitir conhecimento, desde a didática até a atitude perante os desafios.

Mais um dia disseminando conceitos e técnicas para aprimorar o indivíduo e mudar o mundo!

Obrigado ao meu Mestre, um homem notável.


25 de janeiro de 2013

“Eu acho que eles comeram todos os fundos. Você vê uma escola aqui?"

“ 'Eu acho que eles comeram todos os fundos. Você vê uma escola aqui?'
Esta foi a resposta de um homem de Likoni, uma área muito pobre nos subúrbios de Mombasa, no Quénia, quando lhe perguntaram o que tinha acontecido com mais de US$55,000 que o governo local deveria ter usado para construir a Escola Secundária de Mrima. O homem, nos seus 30 anos, ficava ao lado de um buraco com os seus vizinhos à volta; declaradamente o buraco era onde o Comité de Desenvolvimento do Distrito Eleitoral tinha começado a cavar as fundações para a escola, para depois abandonar o projecto sem explicações. 

De acordo com o representante do bairro, o projecto de toda forma não era o certo. “Ninguém veio à comunidade para perguntar se queríamos uma escola aqui. O que precisamos é um dispensário,” ele disse, enquanto os outros balançavam a cabeça murmurando seu assentimento.

Não tem que ser assim. Os orçamentos governamentais são importantes para todos, e os cidadãos querem saber, e têm o direito de saber, o que têm no orçamento do seu pais. E deveriam existir mecanismos para participação pública e prestação de contas para manter os orçamentos no caminho certo." (Open Budget Survey 2012)

Este é um trecho do resultado de uma pesquisa chamada Open Budget Survey (OBS), que mede, a cada dois anos, a transparência, a participação e a fiscalização orçamentária de países em todo o mundo.
A corrupção é algo tão historicamente arraigado na cultura brasileira, desde os tempos de colônia, que já virou bordão: "não adianta, todos os políticos são corruptos mesmo..."

Mas quem elege os políticos? O povo. Os eleitos são representantes do povo, então pela lógica pode-se pensar que todos os cidadãos são corruptos, porque escolheram dentre seus pares quem os representaria no governo, no congresso, assempleias estaduais, câmaras de vereadores. Você acha mesmo que todo brasileiro é corrupto? Você se o considera?


Vamos adequar essa frase aos novos tempos: "ainda existem muitos políticos corruptos, mas as coisas estão mudando". E não falo de esperança, e sim de dados concretos: nunca se viu nesse país um julgamento como o do mensalão, com políticos famosos sendo condenados a décadas de prisão. Sim, estão mudando, acredite! Mas se não quiser acreditar, pelo menos pesquise, para formar sua própria opinião, em vez de simplesmente repetir aquilo que se ouve dos outros, sem nenhuma propriedade.

Por exemplo, você sabia que o Brasil é o 12º país mais transparente, dentre 100 avaliados pela International Budget Partnership (IBP), à frente de nações como Chile, Alemanha e Espanha? Isso também está na pesquisa Open Budget Survey, mas quantos cidadãos brasileiros sabem dessa informação?

Nem tudo são flores, em contrapartida, embora venha havendo uma evolução anual, ainda estamos mal colocados em outra lista, essa bem desagradável: em 2012 ficamos em 69º de 176 países pesquisados, no ranking global de percepção da corrupção no setor público, publicado anualmente pela ONG Transparência Internacional (TI). O ranking é liderado pela Dinamarca, que tem a menor percepção de corrupção do mundo, seguida de Finlândia e Suécia. A Somália é o país com a mais alta percepção de corrupção, segundo a TI.

É fato, "a transparência e a participação pública podem ajudar a identificar desvios de dinheiro e a melhorar a eficácia das despesas públicas" (OBS). O relatório da IBP também avaliou a força das instituições de auditoria. Nesse quesito, o Brasil recebeu nota máxima (100). Mais um dado real de que nosso país está mudando.

Para encerrar, outra história triste, mas que teve final feliz: "na Índia, a Campanha Nacional para os Direitos Humanos dos Dalit (NCDHR) expôs a forma como o governo desviou fundos para programas para as comunidades Dalit, um dos grupos mais pobres e mais marginalizados na Índia, para financiar os Jogos da Commonwealth de 2010. Recorrendo a relatórios de investigação baseados no acompanhamento e na análise orçamentais, a NCDHR lançou uma campanha de defesa para recuperar o dinheiro, o que resultou numa cobertura mediática disseminada a nível nacional e internacional. Sob esta pressão, o Ministro do Interior da Índia acabou por admitir publicamente que 130 milhões de dólares de fundos públicos para Dalits haviam sido incorrectamente desviados, comprometendo-se a devolver o dinheiro. Até agora, o governo devolveu quase 100 milhões de dólares, que estão agora a apoiar serviços e programas para cerca de 2,4 milhões de Dalits." (OBS)

E no Brasil? O que você está fazendo para cobrar honestidade e resultados de seus representados? 
Porque só reclamar não muda nada, e dinheiro público é da nossa conta.
Esclareça-se!